FINAL DE TRABALHO

Por Hugo Medeiros - 

Ontem o espírito de Nostradamus baixou em mim.
Decidi permanecer no Costão para acabar os trabalhos de mapeamento. Quando me perguntaram o por quê da pressa, respondi que se chovesse tudo iria atrasar muito. Todo mundo riu, pois o calor ontem era de matar. Acabamos tudo e dormi por lá mesmo. No meio da madrugada o tempo fechou e as trovoadas e relâmpagos eram de dar medo. Amanheceu com um chuva fina, lá no Costão. Mas eu iria me surpreender ao sair de lá...

Essa foi a imagem que me assustou hoje cedo. Eu estava lá na Praia do Costão e olhando para a direção da Ponta vi esse céu pesado e sombrio. No Costão a chuva é fina, mas não dá sinal que vá ter sol, mesmo assim nem chega a incomodar. Mas aquele céu na direção daqui da base me deu um frio na barriga, imaginei a Ponta alagada e num daqueles dias de tumulto. Cheguei às nove da manhã e mesmo com a água caindo forte, a vila estava num sábado quase normal, os transtornos não eram maiores do que os de sempre e de um povo não acostumado com chuvas.

Para alivio do pessoal, a sede da base já não é como antigamente. Quando comecei era um inferno no inverno, a cada chuva a gente tinha de driblar baldinhos, bacias e panelas que se colocava para aparar as goteiras na casa toda, da porta da frente até a dos fundos. Como diz a Dona Cida: uma era “probeza” da moléstia dos cachorros. Fora os riscos de se perder tudo, aparelhagem, eletrônicos pessoais e a saúde.

A chuva fez com que todo mundo tenha ficado por aqui, com exceção de parte do pessoal de estágio, que sempre se manda para casa. Ficar confinados, sem ter para onde ir ou o que fazer acabará sendo legal, pois vamos ter um dia juntos pra papear, zoar e encarar umas disputas de PSP.

Teremos um final de semana “em família”.