Por Hugo Medeiros -
Dos seis doentes na base, seis são homens. Prato cheio para as observações do trio Luluzinha da equipe. Na hora do almoço, onde nenhum dos seis sequer olhou para a mesa, a Geyse teceu observações sobre a "fraqueza masculina" no tocante a enfermidades.
Fingi que nem ouvi, empurrei o termômetro no canto da boca e saí de fininho. Agora a pouco ela me manda um e-mail...
Vejam a pérola: "Os homens são maricas quando estão com gripe"
"Pachos na testa, terço na mão
Uma botija, chá de limão
Zaragotoas, Vinho com mel e 3 aspirinas
Creme na pele... Dói-me a garganta!
Chamo a mulher: Ai Lurdes, Lurdes... Que vou morrer, mede-me a febre, olha-me a goela
Cala os meninos, fecha a janela
Não quero canja... nem a salada
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada
Se tu sonhasses como me sinto! Já vejo a morte nunca te minto...
Já vejo o inferno, chamas e diabos... Anjos estranhos, cornos e rabos. Vejo os demónios nas suas danças
Tigres sem litras, bodes de tranças
Choros de coruja, risos de grilo, ai Lurdes, Lurdes... que foi aquilo?
Não é chuva, no meu postigo, ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o vento a cirandar, nem são as vozes que vêm do mar
Não é o pingo de uma torneira
Põe-me a santinha á cabeceira
Compõe-me a colcha, fala ao prior
Pousa o Jesus no cobertor
Chama o doutor, passa a chamada.. Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada
Faz-me tisanas e pão de ló. Não te levantes, que fico só
Aqui sozinho a apodrecer! Ai Lurdes, Lurdes... Que vou morrer"
Outra dessa e desencadeio a Guerra dos Sexos!
Texto original de Miguel Carvalho - Foto: Anne Mychelly